8 de Março, Dia Internacional da Mulher

<font color=0093dd>Luta, emancipação, igualdade</font>

Na próxima terça-feira, dia 8 de Março, assinala-se o Dia Internacional da Mulher. Ontem como hoje esta é uma data cujo significado e valor simbólico encerram a indomável vontade de, também pela luta emancipadora e pela igualdade, contra a exploração e a opressão, transformar a vida.
Foi assim há 148 anos quando operárias têxteis de Nova Iorque, desafiando a ordem instaurada, entram em greve por melhores salários e condições de vida, pela redução da jornada de trabalho. Perto de duas dezenas perdem a vida em consequência da brutal e feroz repressão que sobre elas se abate.
Ficou o exemplo de coragem e firmeza. Essa herança que inspira a resistência e a luta das mulheres em todos os cantos do mundo por mais justiça social. Um grito de liberdade de tal modo forte que acabou por levar as Nações Unidas a reconhecerem oficialmente o 8 de Março como Dia Internacional da Mulher. Foi em 1975, há precisamente três décadas, no mesmo ano em que em Portugal ocorreram as primeiras eleições livres e em que também se assinalou pela primeira vez em liberdade a comemoração do Dia Internacional da Mulher.
Ano especial

Por isso, este 2005, quando passam trinta anos sobre três importantes acontecimentos, é um ano com um «significado muito especial para as mulheres portugueses», salienta Fernanda Mateus, da Comissão Política, em declarações ao Avante!
Mulheres portuguesas que, não obstante a igualdade de oportunidades e de tratamento consagradas quer na Constituição quer na Lei, continuam a sofrer na pele os efeitos de práticas discriminatórias, sentindo, simultaneamente, de forma directa, as consequências do agravamento das desigualdades e das injustiças sociais.
Que o digam, por exemplo, as mulheres trabalhadoras do sector têxtil, vestuário e calçado ou as do sector de material eléctrico e electrónica, umas e outras, já de si sujeitas a tarefas mal remuneradas, vendo agora abater-se sobre si o espectro do desemprego e a incerteza do futuro.
E que dizer das jovens grávidas e das mães que são prejudicadas no acesso ao emprego, nos salários e na progressão das suas carreiras?
Muitas são, com efeito, as discriminações e desigualdades a superar e vencer. Interpelando, por isso, à luta, como sublinha ao nosso jornal Graciete Cruz, da Comissão Nacional de Mulheres da CGTP-IN. A luta para alterar leis como a iníqua e desajustada lei que criminaliza as mulheres, condenando-as ao aborto clandestino. A luta para acabar com quadros quotidianos como é o de ver «anúncios de ofertas de emprego expressando preferência baseada no sexo». A luta para travar e inflectir rumos que, desvalorizando o trabalho, apostam na desregulamentação laboral e impõem «horários de trabalho que comprometem a vida familiar».
Mas também, exemplifica ainda a dirigente sindical, para que as creches, infantários e outros equipamentos sociais de apoio à família deixem de ser em número insuficiente ou excessivamente caros face aos baixos salários e à carestia de vida.
Afirmação de vontades

Idênticas aspirações e objectivos mobilizam igualmente as activistas do Movimento Democrático de Mulheres. Encarando-o como «data de combate e afirmação de vontades pela igualdade», neste 8 de Março, em que querem «lembrar as injustiças silenciadas que recaem ainda sobre as mulheres», o MDM inscreveu também na sua acção como uma prioridade a luta pela criação de legislação visando a «despenalização da interrupção voluntária da gravidez, no respeito pela decisão da mulher».
A universalização do planeamento familiar e educação social, bem como a assunção da maternidade/paternidade como um direito para todos e não um constrangimento para as jovens gerações constituem duas outras linhas de orientação presentes na luta do MDM, adiantou ao Avante! Regina Marques, dirigente do movimento, que lembrou outra reivindicação: o aumento do salário mínimo e das pensões e a adopção de medidas que travem o encerramento de empresas.
Não menos importante, na perspectiva daquela organização de mulheres, é a diminuição do desemprego feminino, o que passa por mais investimento e diversificação do tecido produtivo, do mesmo modo que é dado grande valor à criação de novas oportunidades no primeiro emprego às jovens e mães sós.
A reposição da idade de reforma das mulheres aos 62 anos, a aplicação efectiva do princípio de «salário igual para trabalho igual», o fim das discriminações nas carreiras profissionais e a valorização dos papéis e funções sociais das mulheres e do seu nível de participação política constituem outras tantos objectivos pelos quais se bate o MDM.


Mais artigos de: Em Foco

Proteger os têxteis nacionais

O PCP quer que sejam accionadas as cláusulas de salvaguarda para proteger os têxteis nacionais e milhares de postos de trabalho no sector. Esta medida constitui uma forma de minorar os impactos – que podem ser dramáticos – de uma realidade que, apesar de conhecida há mais de uma década, só recentemente pareceu preocupar patrões e governos: a liberalização total do comércio dos produtos têxteis e vestuário, em vigor desde o primeiro dia deste ano.

<font color=0093dd>8 prioridades do PCP</font>

No seu Programa às recentes eleições legislativas, o PCP definiu com clareza as linhas fundamentais do que considera serem as políticas necessárias ao País. Assumindo a forma de compromissos, que os comunistas fazem questão de honrar, quaisquer que sejam as circunstâncias, tais linhas de orientação marcarão a sua...

<font color=0093dd>Contra o aborto clandestino</font>

A apresentação de um projecto de lei sobre a despenalização do aborto constitui uma das prioridades assumidas e já anunciadas pelo PCP na reabertura dos trabalhos da Assembleia da República. Cumprir o que inscreveu no seu programa eleitoral, honrando os compromissos e o mandato de confiança que recebeu de mais de...

<font color=0093dd>Um 2005 de acção</font>

Congresso do MDM«Da Memória ao Sonho, Pela Igualdade e a Paz». Sob este lema decorrerá em Lisboa, a 21 e 22 de Maio, o 7.º Congresso do Movimento Democrático de Mulheres. A realizar no Fórum Lisboa, este vai ser um espaço de reflexão e debate sobre assuntos que, dizendo directamente respeito às mulheres, interferem com a...